sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Onde está Aretha?

Eu não conseguia assimilar nada. As informações estavam sendo cuspidas em mim.
– Calma, Júlia! Eu não estou entendendo “lhufas”!
– Pai! Pelo amor de Deus! Eu entendo que esteja apaixonado. Ela é encantadora, eu sei... Mas se expor desse jeito?


– Amorzinho, pode ser um pouco mais clara? – Pra quê que eu fui perguntar?

Júlia arremessou um jornal em mim.
– Não acredito que não tenha saído nem uma notinha lá...

Senti meu sangue descer pro pé.


Está certo que era um jornal sensacionalista, de fama duvidosa, mas a foto colorida de quase meia página não precisava de legenda. Mesmo assim a manchete em letras garrafais trazia a notícia: “Quarentão do rock curte lua-de-mel em Paris com filha da ex, 25 anos mais nova”.


Não quis nem ler o “leading”. Aquilo já me bastava. Eu tinha comprado o Le Monde em Paris. Claro que não teria nada lá.
Tinha que avisar Aretha. Larguei o jornal e passei a mão no telefone. Júlia só olhava esperando que eu falasse algo. E o telefone da garota desligado.


– Pai... Você não vai falar nada?

Desisti do telefone.
– Que quer que eu diga, Júlia? Você já não leu tudo aí?


– O que estavam fazendo em Paris, pai? Você não foi pra Lyon? Porque foram fazer isso? Que droga!
– Júlia... Isso não vai adiantar nada agora...


A campainha tocou. Aquele som nos causou um sobressalto e nos fez calar. Claudinete, que já vinha da cozinha por causa da confusão na sala, desviou seu caminho para atender a porta.


Ela abriu e Tara avançou por dentro da minha casa, antes mesmo de ser convidada a entrar. Nunca foi de seu feitio, agir assim.
– Vocês dois estão satisfeitos agora? – Perguntou com ironia, e um tanto enraivecida. – Expondo todo mundo dessa maneira? – Em sua mão outro jornal, mas com fotos e manchetes parecidas.


Eu não estava prestando atenção. Esperava ver Mark logo atrás dela, desta vez provavelmente empunhando um soco inglês.
– Otto e Rosa ficaram com Mark. – Ela disse, respondendo a pergunta que eu não fiz. – Na verdade Otto quase amarrou o Mark, Jack! Onde está a Aretha?

Ah, sim... Boa pergunta.


– Eu a deixei em Paris.
– O quê?! – Exclamou. – Como você foi capaz de largar ela lá?! – Sua expressão era de choque.
Eu disse a frase errada. Eu podia ter dito de várias formas, mas escolhi justamente a que dava margem a outra interpretação.


Ela deixou o jornal cair no chão.
– Não, Tara! Não foi isso! Ela não quis voltar comigo... Disse que tinha amigas para visitar, e que não podia voltar antes do irmão. – Terminei a frase quase num sussurro desanimado, afinal, era a confirmação da mentira que ela havia contado para eles.


– Aretha não costumava mentir, J.

Eu gostaria de explicar que não tinha culpa, que foi Aretha quem arrumou uma surpresa pra mim. E que soube que ela mentiu depois. Mas não seria justo. Como sempre, eu poderia ter feito de outra forma. Poderia ter dito não no e-mail e evitado tudo isso.


– Eu acho que vocês não devem ter dado muitas alternativas a ela, não é?

Eu esperei que ela começasse a gritar comigo como fez naquele dia em sua casa, mas não.
– Não consegue se colocar em meu lugar?


De fato não. Até porque seria difícil imaginar Tara sem Mark e vice-versa. Mas com certeza, seria complicado aceitar Herman como namorado de Júlia. E isso eu conseguia compreender.


– Eu sei que está sendo difícil. Mas vocês precisam entender o quanto estão magoando Aretha não aceitando o que ela sente. Eu lamento muito, Tara. Lamento de verdade. A ponto de preferir que nada disso tivesse acontecido.


– Lamento inclusive que Gabriel e ela tenham ficado juntos. – Continuei. – Eu só preciso que acredite. Eu amo a Aretha. Não estou brincando nem apenas passando meu tempo...


 Tara baixou a cabeça. Presumo eu, para esconder alguma lágrima.
– Está difícil pra mim também. Não acho nada engraçado, e sei que a sociedade vai cair de pau em cima de mim. Então não adianta você esfregar o jornal na minha cara, nem me acusar de nada.


– Eu vou pra casa... Pensei que ela estivesse com você. Vou tentar encontrar o telefone de alguma amiga que ela tenha em Paris... Que droga! Não lembro de nenhuma amiga dela lá!
Tara estava, novamente, chorando na minha frente. Meus nervos não aguentavam mais.
– Eu vou tentar falar com ela, Tara... Acalme-se.


– Júlia – Chamei. Minha filha estava petrificada com toda aquela cena. Eu nem tinha reparado até então. – Pega um copo d’água pra Tara. Rápido, por favor.


Ela não gostou, mas foi. Eu estava nervoso. Pediria desculpas mais tarde. Peguei o telefone outra vez e disquei. Aquela maldita gravação entrou no lugar da voz que eu queria ouvir.
– Está desligado. Ou fora de área. Mais que droga!


Eu fiquei preocupado. Porque desligado? Tentei acalmar a ela e a mim:
– Tara... Pode ser que tenha apenas acabado a bateria. Eu te prometo: se for preciso eu volto lá. Não vai acontecer nada com ela.


Júlia voltou com a água. Tara aceitou e bebeu de uma golada, enquanto minha filha me censurava com seu olhar. O silêncio estava me pinicando. A verdade é que prometi o que não podia, não dependia só de mim. O lado positivo, é que eu teria uma excelente desculpa para me matar caso alguma coisa acontecesse com Aretha.


Tara pareceu não se importar com a minha promessa vazia.
– Obrigada, Júlia. – Agradeceu.
– De nada, Tara. – Júlia respondeu seca, quase malcriadamente e sem encará-la.


Ao virar-se para sair, Tara se despediu:
– Adeus, Jack.
– Tara! – Eu chamei.

Ela parou sem se virar.


– Por favor, avise. Qualquer notícia... Por favor...

Ela não respondeu. Apenas reiniciou sua marcha em direção a porta de saída.



3 comentários:

  1. Não gosto de ver o J sofrendo... T-T
    Essa Aretha.. ai,ai.. Meuu queria ver o Otto segurando o Mark enfurecido... auhsuahsuhua

    pera.. deixa eu dar meu xilique...

    JAAAAAAAAAAAAAAAAAACK LINDO E MARAVILHOSOOOOOOOO!!!

    Pronto... Se não fosse o J sofrendo eu diria q tinha amado..

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  2. Ok... Onde será que está Aretha? Será que o J não se deu conta? As mulheres ao seu redor parecem mais fortes que ele! Sempre o tirando da roubada e o colocando nos eixos, ou o contrário, fazendo ele sair da linha... Morro de rir com tudo!
    Ainda mais agora que sei o que acontece...

    AMO!
    bjosmil! *.*

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  3. Jack sofre só por ser enrolado mesmo, Deh! A culpa é toda dele! Huahsuahsuahsuh!

    Com certeza, Mita, até mesmo a própria Tara, tão frágil em sua juventude, parece ter aprendido alguma coisa... Já o J... Bem até o fim eu tô na torcida! Haushauhsauhs


    Obrigada, meninas!

    ..: Bjks :..

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