“Au revoir”

Marley entendeu, mas não com a aceitação que eu esperava. Apesar disso, eu compreendia a reação de meu melhor amigo. No final, o errado era mesmo eu. Na volta, parei o carro na praia, para caminhar e arejar minha cabeça. Não liguei para a chuva.

Cheguei em casa com a noite avançada, mas minhas malas já estavam feitas e tudo estava pronto para eu embarcar pela manhã.

Ao entrar na sala, dei de cara com Aretha me esperando. O rosto numa expressão que mesclava alegria e lamento. 

Eu não pensei nem disse nada, estava com tanta saudade! Tudo que fiz foi abraçá-la e beijá-la durante vários minutos. Não conseguia parar.

Quando recobrei a razão, perguntei:
– O que está fazendo aqui? Eu não pedi que ficasse comportada e quietinha em casa?
– Eu obedeceria sem questionamentos, se tivesse certeza que seu pedido é seu desejo, mas você acabou de me provar que não é.

– Não posso seguir só meus desejos, Anjo.
– Não pode, não. Você não quer! Eu não estava aguentando de saudades, J. Não podia esperar até você voltar para te ver.

– Não é tanto tempo assim...
– É muito pra mim! – Ela foi categórica.

– Do que você tem medo, se prometi voltar para você?
– De acordar...

Eu a beijei novamente, e ela me apertou e retribuiu avidamente.

Aquilo me deixou perigosamente estimulado, e eu a afastei.
– Está vendo?! Contra o quê está lutando? – Ela perguntou irritada.
– Meus instintos. – Respondi de pronto.

– Anjo, você é tão nova, e tão impulsiva! – Continuei.
– Eu estou pronta. Estou segura. Sei o que sinto.

– Como pode ter tanta certeza?
– Porque penso em você da hora que acordo a hora que vou dormir, e sinto sua falta em meus sonhos, quando você não está lá. Porque escuto sua voz em todas as músicas e lembro do seu sorriso quando bebo chocolate quente.

– Porque imagino você e eu nos filmes. Porque vejo seu rosto nas pétalas das flores que despedaço e nas nuvens que se movem enquanto espero o tempo passar. Porque não vejo mais graça em patinar sem você.

– Porque fico arrepiada quando você chega perto, e perco o fôlego quando você me beija. E se meu coração parasse de bater ali, eu morreria feliz.

Como era possível um homem tão experiente e vivido, sentir-se tão completamente vulnerável? Como se luta contra isso?
Eu a tomei. 

Ainda tinha a boca colada a dela quando chegamos ao quarto. Não me lembro dos móveis e da escada no caminho. Não sei quando foi a última vez que meu coração bateu com tanta força. Eu não encontrava palavras pra dizer e não posso afirmar que conseguiria pronunciar qualquer coisa.

Ela tirou minha blusa e eu desatei os laços da dela. Senti sua respiração nervosa, ofegante.

Parei para encará-la e sorri. Ela entendeu que estava tudo bem. Eu deixaria que ela recomeçasse e ditasse o ritmo. Era sua primeira vez, e eu estava extremamente cauteloso.

Senti sua bochecha amornar minha pele quando escondeu o rosto corado no meu ombro.

– Eu... Eu não sei o que fazer. – Confessou. Tão linda...
– Não se preocupe. – Tentei lhe acalmar.

Eu peguei Aretha nos braços e a deitei na cama. Aos beijos terminamos de nos despir. Eu tentava ser delicado em cada movimento, mas estava tomado de desejo e ela parecia ainda mais excitada e ansiosa.

Tentando combinar fogo e água, nos entregamos num momento perfeito. A menina se transformava em mulher em meio a um turbilhão de sentidos, e apesar de toda a minha experiência, algo novo me arrebatava de forma brutal e definitiva.

Naquele espaço de tempo percebi o quanto agora eu pertencia a ela. E quando Aretha atingiu seu êxtase, eu a fitei em tempo de ver seus olhos de ônix deitando algumas lágrimas de prazer.