Encostei o carro e fui ao seu encontro. Ela deu um leve salto para se por de pé.
– Pensei que Gabe estivesse com você... – Como sempre, a menina ia direto ao ponto, antes mesmo de um “oi” ou um “boa noite”.
– O que está fazendo aqui fora, Aretha? Porque não esperou lá dentro?
– Pensei que Gabe estivesse com você... – Como sempre, a menina ia direto ao ponto, antes mesmo de um “oi” ou um “boa noite”.
– O que está fazendo aqui fora, Aretha? Porque não esperou lá dentro?
– Eu não sei... Eu nem sei por que estou aqui. Não devia mesmo, ele me deixou... Mas Gabe tem esse efeito sob mim, eu não consigo raciocinar direito.
Eu senti pena.
– Acabei de deixar Gabriel na república.
Eu senti pena.
– Acabei de deixar Gabriel na república.
– Ah... Tudo bem... Eu vou pra casa... – Disse ensaiando sua saída.
– Espera, Aretha... Você não quer entrar? Eu posso preparar um lanche...
– Espera, Aretha... Você não quer entrar? Eu posso preparar um lanche...
– Nã... Obrigada, não estou com fome.
– Você está de carro? Quer que eu te leve? – Eu estava mesmo preocupado. Ela não estava normal. Se estivesse, estaria baixando as tamancas, no entanto parecia calma... Aliás, soturna.
– Você está de carro? Quer que eu te leve? – Eu estava mesmo preocupado. Ela não estava normal. Se estivesse, estaria baixando as tamancas, no entanto parecia calma... Aliás, soturna.
– Não... Mas não precisa... Eu vou caminhando...
– Mas, Aretha... Não é tão perto assim... Não me dá nenhum trabalho, o carro está aí. Venha, entre. – Indiquei, antes de dar-lhe tempo para pensar.
– Mas, Aretha... Não é tão perto assim... Não me dá nenhum trabalho, o carro está aí. Venha, entre. – Indiquei, antes de dar-lhe tempo para pensar.
A pé não era tão perto, mas de carro não era tão longe. Em poucos minutos estávamos na porta da casa de seus pais. Ela não abriu a boca nem uma vez, e eu não sabia se estava grato por isso ou não.
– Chegamos, Aretha. – Disse com as mãos ao volante.
– Quer entrar? Mamãe está em casa, papai não.
– Chegamos, Aretha. – Disse com as mãos ao volante.
– Quer entrar? Mamãe está em casa, papai não.
Isso foi uma espécie de provocação ou o quê?
– De outra vez... – Respondi.
– Amanhã é meu primeiro dia de aula na UNESim... – Mudou de assunto. Em que momento ela decidiu que era hora de falar?
– De outra vez... – Respondi.
– Amanhã é meu primeiro dia de aula na UNESim... – Mudou de assunto. Em que momento ela decidiu que era hora de falar?
– É verdade... Eu soube... Animada?
– Estava... Antes... Papai alugou uma casa pra gente... Eu preferia morar numa república, mas o Thales ficou eufórico com a idéia da casa e eu não quis brigar por causa disso. Com o Thales, com certeza a casa estará sempre cheia mesmo...
– Estava... Antes... Papai alugou uma casa pra gente... Eu preferia morar numa república, mas o Thales ficou eufórico com a idéia da casa e eu não quis brigar por causa disso. Com o Thales, com certeza a casa estará sempre cheia mesmo...
– Seu irmão sempre foi agitado mesmo, é verdade...
– Bem... Não sei agora, que está com a Alanis... Talvez ele sossegue um pouco...
– Bem... Não sei agora, que está com a Alanis... Talvez ele sossegue um pouco...
– Eles estão namorando, então? – Eu fiquei curioso. Por Alanis, e por Gabe.
– É... Sei lá, Jack... Thales se mostrou bem interessado... Nunca vi meu irmão assim... Ele só gosta de festas e agitos, nada de compromisso... Ele me lembra o tio Herman. – E pela primeira vez naquela noite, Aretha sorriu. – Quer dizer, lembrava... – Corrigiu-se.
– É... Sei lá, Jack... Thales se mostrou bem interessado... Nunca vi meu irmão assim... Ele só gosta de festas e agitos, nada de compromisso... Ele me lembra o tio Herman. – E pela primeira vez naquela noite, Aretha sorriu. – Quer dizer, lembrava... – Corrigiu-se.
Tomei um susto. Tara materializou-se na minha porta. Não vi de onde ela surgiu.
– Boa noite... O que estão fazendo aí? – Perguntou num sorriso simpático.
Tinha um longo tempo que eu não a via. Mas ela não parecia ter mudado nada.
– Boa noite... O que estão fazendo aí? – Perguntou num sorriso simpático.
Tinha um longo tempo que eu não a via. Mas ela não parecia ter mudado nada.
Nós descemos do carro, e Aretha correu para abraçá-la, como se não a visse há muito também.
– Mãe! Jack me deu uma carona...
– Estou vendo...
– Mãe! Jack me deu uma carona...
– Estou vendo...
Eu não sabia o que fazer. Se eu cumprimentava Tara, se botava minhas mãos no bolso, se voltava pro carro e ia embora. Aretha soltou-se de sua mãe.
– Não vai falar com o Jack?
– O que aconteceu com o “tio” Jack? – Ela sorriu novamente. Eu senti um frio na barriga inexplicável.
– Não vai falar com o Jack?
– O que aconteceu com o “tio” Jack? – Ela sorriu novamente. Eu senti um frio na barriga inexplicável.
– Ai, mãe! – Aretha reclamou. Não adianta, pais sempre vão constranger seus filhos.
– Oi, J. – Tara me cumprimentou.
– Oi, J. – Tara me cumprimentou.
– Oi, Tara... Bem... Eu vou indo... Aretha já está entregue.
– Ah, não Jack, você podia entrar... – Aretha reclamou. – Estávamos falando da UNESim, mãe...
– Ah, não Jack, você podia entrar... – Aretha reclamou. – Estávamos falando da UNESim, mãe...
– Ah, é? Bacana... – Tara respondeu sem graça.
Sinceramente eu não tinha vontade nenhuma de entrar. Não que a conversa estivesse desinteressante, mas aquela casa sempre me causou desconforto. Poucas foram as vezes que estive lá. Apenas para deixar ou buscar Gabriel, ou nas raras festas em que era convidado.
Sinceramente eu não tinha vontade nenhuma de entrar. Não que a conversa estivesse desinteressante, mas aquela casa sempre me causou desconforto. Poucas foram as vezes que estive lá. Apenas para deixar ou buscar Gabriel, ou nas raras festas em que era convidado.
– Obrigado, Aretha, mas estou chegando de viagem, preciso ver como estão as coisas na minha casa...
Ela murchou novamente.
– Então tá... – E fez um bico.
Ela murchou novamente.
– Então tá... – E fez um bico.
– Boa sorte amanhã... – Desejei.
– Pelo visto vou mesmo precisar...
– Pelo visto vou mesmo precisar...
Eu me despedi das duas e voltei pra casa. Já não bastasse serem tão parecidas, elas precisavam usar o mesmo perfume? O cheiro ficou impregnado no meu carro. Preciso me lembrar de mandar o Reginaldo lavar.